terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Andrée Putman ,1925-2013

 

Morre em Paris a dama da simplicidade democrática

21/01/2013 - Texto e Fotos: Casa Vogue 

 
























Faleceu em Paris no último sábado a renomada designer de interiores Andrée Putman. Com ela, morrem as diversas personagens que a profissional encarnou ao longo da vida: a militante da democratização do
design, a premiada compositora e a jornalista de decoração. Andrée ganhou fama com grandes projetos de design como o do Morgans Hotel, em Nova York, e o interior do avião supersônico Concorde. No mundo da decoração, Andrée Putman foi uma figura quase tão inquestionável quanto Coco Chanel no universo da moda.


 
Tão interessante quanto o seu trabalho foi a vida de Andrée. Nascida em 1925, a parisiense era de família rica e tradicional. Porém, a veia de rebeldia não demorou a se mostrar. Aos 15 anos, para o grande desgosto dos pais, Andrée esvaziou seu quarto luxuoso e escolheu como mobília apenas uma cama de ferro e uma cadeira; de decoração, um pôster do artista catalão Miró. Nascia o germe da singeleza que guiaria toda sua vida e obra, e que pode ser resumida na seguinte frase da própria designer: “É claro que estilo e dinheiro não têm nada a ver um com o outro. Um bom design é puro e simples”.
Aos 19 anos, Andrée desistiu da carreira de compositora e se tornou mensageira da revista Femina, onde logo trabalharia como jornalista. Em 1958, casou-se com o colecionador, editor e crítico de arte Jacques Putman, época na qual assumiu a direção artística do departamento de acessórios para casa da rede de lojas Prisunic. Lá, difundiu o conceito de design bom e barato para todos.
 
 
 
 
Assim, a carreira que tornaria o seu nome uma referência mundial começou apenas aos 53 anos de idade. Quando já estava separada, a francesa abriu sua própria empresa, a Écart. Por meio dessa iniciativa, a designer relançou móveis de criadores das décadas de 1920 e 1930, que estavam esquecidos, como Eileen Gray e Robert Mallet-Stevens.
 
Mas o reconhecimento veio em cheio em 1984, quando Andrée reformulou o interior do Morgans Hotel, em Nova York. Neste momento, a autora criava o conceito de hotel-boutique. Foi nesse trabalho que a parisiense lançou o tema de tabuleiro de xadrez (quadrados em preto e branco) que se tornaria sua assinatura. Desde então, executou projetos parecidos com nomes como Karl Lagerfeld, Yves Saint Laurent e Guerlain. “Aquela mulher tinha um estilo inteiramente dela na forma de se vestir e de olhar para os lugares”, disse Didier Grumbach, presidente da Federação Francesa de Alta-Costura. “Ela mudou o estilo no século 20 e até redefiniu a elegância à la française”.
Rigor, sofisticação, inventividade e simplicidade marcam o trabalho da designer, além da aversão a modismos, a tudo o que é ditado, e ao gosto tradicional sem originalidade. Em 1997, ela abriu sua própria empresa de design, o Studio Putman, cuja direção foi assumida pela filha Olivia em 2007. “Minha mãe se tornou uma embaixadora de estilo contra sua vontade”, conta Olivia. “Ela fazia o que era certo para ela e jamais se colocaria em tal posição”. O estilo Putman sobrevive ao redor do mundo em projetos com vocações as mais variadas: de lojas, hotéis e residências a escritórios de órgãos público.
 
 
 
 
Texto e Fotos: Casa Vogue 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Páginas

Related Posts with Thumbnails